terça-feira, 17 de março de 2009

Violência sobre Idosos

Nas últimas semanas a Associação Amigos da Grande Idade, à qual tenho a honra de presidir, recebeu algumas solicitações para emitir a sua opinião em relação à violência exercida sobre idosos.
A Associação tem sido muito cautelosa a emitir opinião sobre este assunto, entendendo que a informação disponível é rara e a credibilidade da mesma é discutível.
O tema da violência é, como sabemos, bastante mediático e por vezes parece ter alguns aproveitamentos que nada interessam a uma discussão séria sobre a Grande Idade.
A Associação faz actualmente uma abordagem um pouco diferente das correntes opinativas tão interessantes para as notícias bombásticas. Julgamos que a violência sobre pessoas idosas não é significativa nos Lares e Casas de Repouso e, ainda que qualquer acontecimento único já seja extraordinariamente grave, o número de incidentes não nos parece ser elevado.
Estudos revelam que a maior parte da violência sobre idosos é cometida por familiares próximos e fora das respostas sociais e privadas.
E ainda que esses estudos apresentem amostras muito reduzidas são os únicos que existem.
O que nos parece é que a maior violência sobre idosos é exercicida pela organização da sociedade do ponto de vista social, económico e político.
É a inexistência de legislação adequada para lares, casas de repouso e apoio domiciliário, a inexistência de qualquer legislação sobre representação jurídica e social dos idosos deixando-os à sua sorte quando perdem capacidade de decisão, o sistema de comparticipação social do estado, completamente ultrapassado e até perverso na medida em que estabelece comparticipações mais elevadas para os idosos que são institucionalizados em respostas sociais e privadas do que para idosos que se mantém no seu domicílio e no fundo a inexistência de uma declaração clara que estabeleça os direitos das pessoas idosas que se torna uma evidente e dramática violência sobre as pessoas idosas.
O actual modelo dos lares de idosos que obriga a fazer viver no mesmo espaço pessoas idosas activas e saudáveis com pessoas idosas totalmente dependentes e sem capacidades físicas e mentais, a descriminação de apoio económico a pessoas idosas que se encontram dependentes em lares em relação a pessoas idosas nas mesmas condições que se encontrem internadas em unidades de cuidados continuados na tipologia de longa duração, que exercem violência sobre os nossos cidadãos da Grande Idade.
Ainda que seja mais interessante e dê menos trabalho falar no pinheiro, temos a obrigação de nos preocuparmos com a floresta.
Torna-se hoje fácil divulgar uma qualquer atitude menos apropriada de um familiar ou técnico sobre uma pessoa idosa. E isso será sempre de penalizar e de imputar com consequências sérias.
Contudo é muito mais difícil mudarmos legislação, comparticipações, modelos de prestação de cuidados e oferta de serviços e lutarmos por uma verdadeira reestruturação das respostas que temos para os cidadãos da Grande Idade.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Curso Gestão Organizacional de Lares e Casas de Repouso


Modelo Centrado no Enfermeiro

Justificação

Ao nível deste sector em Portugal, observa-se uma desregulação clara onde o papel dos enfermeiros é desvalorizado, quer pela influência da legislação, quer pela forma pouco sustentada como estes profissionais intervêm directamente na Gestão de Lares e Casas de Repouso.
Assim, o curso visa o alargamento da formação dos enfermeiros com vista ao desenvolvimento de competências para fazer face ás necessidades que se observam actualmente, ao nível da Gestão Organizacional e de Cuidados de Saúde.

Objectivos gerais

O Curso Gestão Organizacional de Lares e Casas de Repouso, tem como objectivo capacitar os formandos a desenvolverem:
Estratégias de intervenção que visem a excelência ao nível da Gestão de Lares e Casas de Repouso.

Objectivos específicos

Estabelecer prioridades e estratégias para os cuidados de saúde, às pessoas idosas seguidas nos Lares e Casas de Repouso.
Fornecer instrumentos conceptuais e operatórios que promovam o desenvolvimento da gestão do conhecimento nesta área problemática.
Proporcionar competências para a investigação, no apoio a soluções inovadoras.

Competências esperadas no final da formação

Pretende-se que o Formando adquira competências para:
Promover uma cultura de excelência no seu exercício profissional;
Promover a aquisição de conhecimentos multidisciplinares que proporcionem competências na identificação dos problemas e na formulação de soluções inovadoras e criativas.

Destinatários

Enfermeiros, de preferência que trabalhem ou venham a desenvolver a sua actividade profissional em Lares Casas de Repouso.

Formadores:

Rui Manuel Dos Santos Fontes
– Enfermeiro.
Director Técnico do Lar de Idosos do SBSI/SAMS;
Curso de Executivos em Gestão de Saúde da Universidade Católica Portuguesa;
Curso Liderança para a Mudança da OE/ICN;
Curso de Formador, credenciado pelo IEFP.

César João Vicente da Fonseca
– Enfermeiro no CHLN – HPV;
Mestre em Comunicação em Saúde;
Assistente em regime de tempo Parcial na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa;
Curso de Formador credenciado pelo IEFP.

Cronograma

1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS SOBRE LARES E CASAS DE REPOUSO
Legislação
Regulamento
Direcção Técnica

2. CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL
Modelos de culturas e climas organizacionais
Constituição de equipas
Contratação

3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Avaliação necessidades de população-alvo
Organização por método responsável
Escala de avaliação de dependência e carga de trabalho

4. COMUNICAÇÃO
Modelos de comunicação
Gestão de conflitos
Implementação de circuitos de comunicação

5. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Modelos de avaliação de desempenho
Definição de objectivos
Instrumentos de medição do desempenho

6. FORNECIMENTO DE SERVIÇOS EXTERNOS
Gestão de serviços
Limpeza
Alimentação
Lavandaria
Manutenção
Outros serviços
Contratualização

7. OCUPAÇÃO E LAZER
Modelos de ocupação e lazer
Diversidade
Autonomização
Características da população-alvo

8. EMPREENDORISMO/NOVAS DINÂMICAS
Rentabilização de recursos humanos
Apoio domiciliário
Centro de dia
Centro de Noite
Unidade de cuidados continuados
Centro de convívio
Centro de actividades ocupacionais
Abertura de serviços meio exterior

9. VISITA A LAR DE IDOSOS
Visita a Instituição com debate sobre realidade prática

10. CONFERÊNCIA FINAL
Conferência por personalidade relevante