sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Cinco Medidas para um envelhecimento de futuro

5 Medidas para um envelhecimento de futuro e com futuro para Portugal


1. Conceito
Como é do domínio público a AAGI – ID, tem como objectivo discutir o modelo de prestação de cuidados e oferta de serviços às Pessoas da Grande Idade. Este é também um dos objectivos do Mundo Sénior que desenvolve actualmente uma parceria com a Associação. Entendemos que são necessárias novas dinâmicas e ofertas inovadoras que permitiram mais qualidade aos mais adultos, como forma de manterem durante mais anos a capacidade funcional na realização das actividades de vida e de manutenção. Neste sentido, ficam 5 Medidas para um envelhecimento de futuro e com futuro para Portugal, como mais um factor de pressão sobre a mudança das actuais políticas, embebidas em estereótipos amorfos e que não propiciam o desenvolvimento do envelhecimento sustentável no nosso País.
É nossa pretensão analisar o actual modelo de cuidados aos mais adultos e procurar respostas que possam ser sustentáveis no futuro e que passam no nosso entender por alterações profundas dos actuais modelos. É nesse sentido que a AAGI-ID, em parceria com Mundo Sénior, decide fomentar este documento, como uma forma de pressão legítima sobre o poder político e sobre os insight’s dos decisores políticos, mesmo que seja difícil a mudança das retóricas há muito instaladas.
O Envelhecimento Demográfico define-se pelo “aumento da proporção das pessoas idosas na população total” (INE, 2000), e fomos perceber como outras entidades da nossa aldeia global, têm pensado esta problemática. Deste modo, para Kofi Anam (2002) “a expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo, activo e plenamente integrado. Se não se fizerem reformas radicais, teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura”.
Na Europa a 27 (EU27) Eurostat Yearbook (2008), e observa-se que: em 2008 as pessoas com mais de 65 anos representam mais de 17,1%; em 2060 as pessoas com mais de 65 anos representaram cerca de 30%; ss pessoas com mais de 80 anos, aumentaram, de 4,4% actualmente para 12,1% em 2060.
No que se refere à dependência do envelhecimento em relação à população activa na EU27 e segundo a mesma fonte (Yearbook, 2008) prevê-se que as pessoas com mais de 65 anos quando divididas pelas pessoas em idade propícia para o trabalho, aumente de 25,9% em 2008, para 54,8% em 2060.
Em Portugal, pode-se observar no Quadro 1, um aumento da população com mais de 65 anos e mais de 80 anos em relação à população activa.

Com este contexto, a AAGI-ID e Mundo Sénior realizaram 3 reuniões de trabalho, entre Maio/Julho de 2009, com 30 cidadãos identificados por outros tantos como influentes na área dos cuidados aos Idosos. Estas ocorreram em Lisboa, Faro e Porto, nas quais se aplicou a técnica de grupo nominal, de onde resultou a síntese das 5 Medidas para um envelhecimento de futuro e com futuro para Portugal.


1. Síntese das Medidas:

MEDIDA 1
Constituição de Grupo de Trabalho/Unidade de Missão nomeado pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e Solidariedade Social para avaliar os graus de dependência e necessidades das pessoas idosas em Portugal. Justificação: Planear as necessidade em equipamentos sociais, apoio domiciliário e de cuidados de saúde, das pessoas idosas em Portugal a Médio e Longo Prazo.

MEDIDA 2
Criação da Rede Nacional de Cuidados e Serviços para as Pessoas Idosas. Justificação: Organizar a rede actual de prestação de cuidados e de serviços, como forma de reduzir o desperdício e optimizar os recursos existentes.

MEDIDA 3
Aprovação de legislação, com reformulação da actual, sobre o funcionamento de ofertas para as pessoas idosas, baseada em critérios de qualidade com base nos manuais editados pela Segurança Social e adaptada às reais necessidades do sector, promovendo mais e melhores ofertas através de incentivos claros e eficazes. Justificação: Diferenciar os equipamentos que cumprem a legislação em vigor com especial tónica na qualidade da assistência.

MEDIDA 4
Alteração do modelo de comparticipação de cuidados e serviços às pessoas idosas com atribuição directa às famílias e favorecendo a comparticipação a cuidados domiciliários em relação aos cuidados institucionalizados em lares. Justificação: Duplicar a médio Prazo (8 anos), os Idosos que são cuidados nos seus domicílios.

MEDIDA 5
Introdução de novos modelos de financiamento, devidamente legislados, que incluam hipotecas inversas, seguros de dependência/vitalícios, fundos financeiros, etc., em paralelo com legislação adequada sobre representação jurídica das pessoas idosas. Justificação: Conferir às pessoas idosas e um conjunto de instrumentos legais que as ajudem a decidir e gerir os patrimónios, como forma de lhes conceder maior dignidade e qualidade de vida.

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terça-feira, 23 de junho de 2009

RELATÓRIO DA PRIMAVERA

RELATÓRIO DA PRIMAVERA DO OBSERVATÓRIO PORTUGUÊS DOS SISTEMAS DE SAUDE
CHOCANTE E PREOCUPANTE
No âmbito do trabalho que realizo na Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e desenvolvimento (www.associacaoamigosdagrandeidade.com), tive a oportunidade de ler o Relatório da Primavera 2009, publicado recentemente, que é um dos mais importantes documentos que anualmente nos permitem verificar como está o estado da saúde em Portugal. O meu trabalho foi analisar o capitulo que diz respeito ao Envelhecimento e faço hoje esta abordagem com o simples objectivo e a enorme esperança de poder despertar algumas consciências e tentar influenciar a participação de algumas pessoas e organismos que, através da sua visibilidade ou acção e do exercício das suas funções decidam contribuir para a enorme TRANSFORMAÇÃO que é necessária fazer na área do envelhecimento.
Já tinha por mais que uma vez comentado e referido que esta área, no que respeita a cuidados de saúde e apoio social, talvez fosse a que menos evoluiu ao longo dos últimos 35 anos em Portugal e que continua a contrariar a nossa corrida para nos aproximarmos dos países europeus. Ou muita gente corre ao contrário ou teremos mesmo que aprofundar as nossas preocupações porque a situação é verdadeiramente chocante.
Vejamos o que nos diz o Relatório da Primavera 2009:
Existem indicadores no Plano Nacional de Saúde relativos ao envelhecimento activo que são concretamente os seguintes:
Esperança de vida dos 65 aos 69 anos;
Auto-apreciação do estado de saúde;
Hábitos tabágicos;
Consumo de álcool;
Actividade física;
Excesso de peso;
Percentagem de indivíduos que referiu possuir incapacidade de longa duração de grau 1 (65-74 anos);
Percentagem de indivíduos que referiu possuir incapacidade de longa duração de grau 1 (75-84 anos).
Acontece que a avaliação dos resultados publicados no Relatório já mencionado é completamente negativa, ainda que isso não se assuma claramente, talvez para não ferir susceptibilidades. Para além da distância que separa os resultados existentes com as metas propostas para 2010, encontramos quase em todos uma situação verdadeiramente preocupante: pioraram em relação a nos anteriores.
Vamos verificar um a um:
Esperança de vida dos 65-69 anos
DE 2004 para 2007 aumentou 0,1 para Homens e Mulheres, o que quer dizer que este indicador traduz-se por ter aumentado pouco mais de 30 dias a esperança de vida dos Portugueses. Não seria mau, se o valor de partida fosse bom. Mas não é. O valor de partida está abaixo da média europeia e muito abaixo, nos homens na meta de 2010.
A meta a atingir em 2010 é de 20, estando em 2007 em 16,2 para Homens e 19,4 para Mulheres. Mas há um indicador perturbante: entre 2004/2006 e 2005/2007 a esperança de vida dos 65 aos 69 anos, nas diferentes regiões do País DIMINUIU, quer para Homens quer para Mulheres!
Auto-apreciação negativa do estado de saúde (65 a 74 anos)
A meta definida para 2010 é que os Homens e as Mulheres considerassem MAU ou MUITO MAU o seu estado de saúde numa percentagem de 18% e 26% respectivamente.
Os melhores valores da União Europeia a 15 em 2004 eram já de 5,1% para Homens e 3,1% para Mulheres.
Em Portugal em 2005/2006 a percentagem é de 30,4% (Homens e 44,3% (Mulheres). Incrível!
Ou seja, mais de 35% de todas as pessoas entre os 65 e os 74 anos aprecia o seu estado de saúde como MAU e MUITO MAU, enquanto que na Europa a 15, nos melhores valores temos 4% e a nossa meta em 2010 é de 22%.
Evolução do Consumo de tabaco (65-74 anos)
A meta traçada para 2010 é de 11% de fumadores Homens e 0,5% de fumadoras Mulheres.
Temos em 2005/2006, 12,1% nos Homens e 1,3% nas Mulheres. Mas a curiosidade é esta: de 1998/1999 para 2005/2006 a percentagem de fumadores diminuiu para o sexo masculino (16%) mas aumentou extraordinariamente no sexo feminino (44,4%)!
Consumo de álcool nos últimos 12 meses (65-74 anos)
Não existindo meta definida para 2010, temos como referência os melhores valores da Europa a 15 que nos indicam que 65,5% dos Homens e 31,3% das Mulheres beberam álcool nos últimos 12 meses. Em Portugal em 2005/2006 os valores são de 81,7% nos Homens e 43,7% nas Mulheres.
Pior de tudo: os valores aumentaram em relação a 1998/1999, que eram de 78,6% (Homens) e 38,7% (Mulheres)!
Actividade física (65-74 anos)
Não existem dados suficientes, havendo uma informação também nada benéfica: “a percentagem de Mulheres que afirmou não ter andado a pé mais de 10 minutos seguidos em nenhum dia da semana anterior à entrevista, aumenta com a idade”. Parece uma teoria de La Palisse quando falamos no nosso País, mas aí fica o dado.
Excesso de Peso (65-74 anos)
O numero de pessoas idosas com excesso de peso, relativamente ao período que vai de 1998/1999 a 2005/2006 AUMENTOU. Aumentou em 0,4% para Homens e 3,2% para Mulheres.
Sobre as incapacidades não existem dados. Curioso verificar que se define um indicador mas que não se implementam sistemas de avaliação…
Mas existem ainda mais situações preocupantes:
De 1999 para 2006 a prevalência de diabetes e hipertensão aumentou;
Os Indicadores sobre Saúde Mental, taxa de mortalidade por suicídio, consumo de medicamentos e recurso a consultas médicas, são todos muito graves.
E, finalmente, encontramos no Relatório uma surpresa que muito me agrada em particular: são feitas algumas considerações sobre o apoio social. Ainda que se continue com “pinças” a tratar desta área, este Relatório levanta questões que não podem nem devem ser esquecidas e que são obrigatoriamente de agendar para os próximos tempos.
Conclui-se rapidamente que o apoio social mais eficiente ou existente com esse objectivo são as pensões, os subsídios e as comparticipações que existem há algumas décadas mas que vão sendo actualizadas.
Depois e destacando o “esforço da Segurança Social” (não vá alguém reagir mal), ficamos informados que dos 25 Países da União Europeia, Portugal aparece em quarto lugar na percentagem de Idosos com mais de 65 anos que vivem na pobreza: 29% da população dessa idade tem um rendimento de 260,00 €/mês.
E ainda:
A taxa de cobertura de lares, centros de dia e serviços domiciliários para a população Idosa era, em 2007, de 11,5% (1 em cada nove idosos tem uma resposta social). Sou capaz de dizer que se tivermos em conta os Lares não fiscalizados sem alvará somos capazes de melhorar este indicador…
A qualidade das respostas é questionável e sobre isto escreve-se: “Os lares para idosos têm definido num manual, um conjunto de regras de implantação, localização, instalação e funcionamento. Todavia é interessante verificar não haver nenhuma referência de adequar o pessoal ao grau de dependência funcional dos utentes dos lares. Por outro lado faz-se referência à necessidade de um enfermeiro por cada 40 utentes, mas não é claro se esse enfermeiro deverá permanecer em horário completo ou apenas em regime de chamada. Nesse manual, nada é referido relativamente ao médico.”
O Relatório poderia ir mais longe nesta área. Poderia concluir que existe um despacho que determina as tais normas de implantação, localização, instalação e funcionamento dos lares que não é válido juridicamente, na medida em que existe em função de um decreto-lei já revogado e que não menciona esse despacho. Poderia pôr em causa o sistema de comparticipação que determina valores mais altos para a institucionalização de idosos em lares do que para mantê-los no seu domicílio, contrariando todas as instruções e recomendações da OMS. Poderia também observar que esta área cruza dois ministérios (Saude e Segurança Social), cujos serviços no terreno estão de costas voltadas, sendo causa de acontecimentos anormais como o lançamento de programas de um dos sectores completamente “DESCRUZADO” com outras situações do conhecimento do outro sector. Um exemplo? Aqui vai um deles: o lançamento do programa saúde oral para idosos (SAUDE) quando o que temos nos lares e domicílios são idosos carregados de feridas, por imobilidade e com necessidades primárias como hidratação e higiene (SOCIAL). Outro exemplo: lançamento do programa AVC VIA VERDE (SAUDE) sem que o programa seja conhecido em nenhum lar do País (SOCIAL) podendo evitar-se algumas centenas de imobilidades crónicas se o programa fosse divulgado nessas instituições. Poderíamos, de facto, aprofundar mais algumas faces negras da área do envelhecimento em Portugal. Mas isso não serve para nada. O importante é começarmos todos a caminhar na mesma direcção. È conseguirmos entendimentos e parcerias entre duas áreas sem as quais nada se conseguirá atingir, é percebermos que estamos do mesmo lado e temos que fazer manuais com a participação de equipas multidisciplinares, onde os diversos profissionais com os seus variados conhecimentos possam ter uma palavra a dizer. O trabalho nesta área tem que ser intersectorial e não pode continuar com uma abordagem exclusivamente social ou exclusivamente de saúde. Os Cuidados continuados são um exemplo desta nova atitude mas tem que ser muitíssimo aprofundados nesta partilha de recursos e conhecimentos.
Estou imensamente grato a este magnifico grupo de personalidades relevantes que editou o Relatório da Primavera. Pela primeira vez sinto que existe preocupação com o sector onde desenvolvo a minha actividade profissional. Começo a sentir-me mais acompanhado e por isso mais feliz, especialmente porque a companhia neste caso é boa.
Precisamos com urgência de um grupo nacional de trabalho para este sector, de uma Unidade de Missão, de uma forma qualquer de podermos determinar o nosso próprio futuro com qualidade.
Termino com a transcrição da síntese sobre o Envelhecimento publicada no Relatório que pode ser consultado, na sua totalidade, no site da Associação Amigos da Grande Idade em SERVIÇOS (Consultadoria).
“SINTESE: Pode-se afirmar que estão definidas um conjunto de estratégias vocacionadas para dar resposta às necessidades de cuidados aos idosos, ainda que as mesmas sejam múltiplas, complexas e difíceis de integrar. Por outro lado, foram definidos indicadores e metas a atingir no período 2004-2010. De forma genérica, constata-se uma evolução favorável em alguns desses indicadores, mas sempre bastante distantes das metas traçadas. Em alguns outros a evolução é desfavorável (e.g., consumo de determinado tipo de medicamentos, polimedicação). Por sua vez, as respostas sociais tem vindo a aumentar, todavia estão muito longe de corresponder às reais necessidades. A título de exemplo os idosos portugueses permanecem como os quartos mais pobres da União Europeia; os lares de idosos são insuficientes e com qualidade não sujeita a avaliação, principalmente no que concerne à capacidade de resposta à dependência crescente nos Idosos. Por ultimo uma referência para os indicadores da violência sobre os idosos, os quais tem vindo a sofrer um grande incremento, o que denuncia uma realidade, ainda mais preocupante por se abater sobre pessoas vulneráveis.”

Rui Fontes

quinta-feira, 9 de abril de 2009

REVOLUÇÃO EMINENTE


REVOLUÇÃO EMINENTE
Nota: Este texto é baseado em várias pesquisas, destacando-se http://www.sun.com/

Faltam dois anos para os primeiros cidadãos da geração baby boomer chegarem à idade da reforma. Esperamos que mantenha a influência na área da Grande Idade que tiveram ao longo das últimas 6 décadas, transformando agora os serviços e os cuidados aos idosos como foram transformando o Mundo.
A geração baby boomer é referida como a geração do pós-guerra, a geração que nasceu e se desenvolveu em frente à televisão. São atribuídas a esta geração as grandes transformações do Mundo. E como não podia deixar de ser a sua influência foi essencialmente sentida nos E.U.A. mas muita dela ultrapassou essas fronteiras e estendeu-se à maioria dos países desenvolvidos.
Introduziram a Segurança Social e a ideia de que se devia descontar/poupar para viver quando deixassem de trabalhar. A esta geração estão ligados todos os principais acontecimentos mundiais: a ida do homem à lua, o capitalismo e o consumismo, o Rock and Roll, o movimento Hippie, a contestação política e social, os movimentos pela paz e a guerra do Vietname, a guerra fria, a comida rápida, a ideologia libertária, o feminismo e a revolução sexual, os direitos civis e os movimentos pela autodeterminação de muitos estados actuais. A estes acontecimentos juntam-se nomes e casos como JFK, Martin Luther King, Watergate, Spielberg, Versace, Bob Dylan, Petróleo, Inflação, cartões de crédito e crédito ao consumo.
Esta geração está agora no poder e a exercê-lo em pleno. É provável que estejamos a ser dirigidos e governados por ex-maoistas, leninistas, trotskistas e outras esquerdas…
O Mundo está prestes a ser atingido por uma transição geracional nunca antes vista na história. A geração baby boomer irá começar a apresentar a reforma durante os próximos cinco anos.
Hoje, esta geração representa a maior parte dos executivos de topo, líderes e políticos. É a camada superior da administração pública e das empresas.
A Sociedade Americana para a Formação e Desenvolvimento afirma que nos próximos vinte anos teremos 76 milhões de pessoas a reformar-se e apenas 46 milhões a entrar no mercado de trabalho. Mas se isso vai causar problemas graves de sustentabilidade irá também influenciar significativamente a oferta de serviços e prestação de cuidados a essa população mais velha.
O impacto do envelhecimento da geração boomer sobre o sistema de saude e social tem sido referido como um tremor de terra. As exigências sobre o sistema são enormes e crescentes. Os boomers tem um conjunto diferente de expectativas em relação à saúde e aos serviços sociais que gerações passadas.
Hoje estamos a trabalhar nos Lares, Casas de Repouso, Centros de Dia, serviços Domiciliários, Residências Assistidas e Turismo Sénior para uma geração que, curiosamente, foi chamada de Geração Silenciosa.
É interessante verificar que insistimos durante os ultimos anos em modelos de actividade física, lazer, cuidados e serviços completamente desadequados para a geração para quem estivemos a trabalhar. Queremos que pessoas que nunca praticaram actividade física, que nunca mostraram as pernas ou os ombros comecem a correr nos circuitos de manutenção de calções ou vão para a natação com fatos de banho. Pretendemos que pessoas que se falassem eram imediatamente marcadas e se contestassem eram presas, participem em reuniões e assembleias para darem opinião sobre as actividades que desenvolvemos. Depois ficamos muito admirados de ninguém falar, de ninguém querer praticar desporto e atribuímos isso a incompetência dos técnicos e dos trabalhadores. Está profundamente errado quem trabalha nesta área, não sabendo o ano em que nasceram as pessoas a quem prestam cuidados, os anos em que viveram a sua adolescência e desenvolveram a sua actividade profissional. É fundamental conhecer a história e isso não acontece na maior parte dos serviços e cuidados que estão disponíveis para a Grande Idade.
Contudo também não nos estamos a preparar para o que ai vem.
Na década de 1990, o crescimento da economia teve como consequência a baixa do desemprego. Os baby boomers que já tinham deixado a sua marca desde 1950, entravam na idade dos 40, 50 anos. Nos Estados Unidos era eleito Bill Clinton. De imediato houve um aumento extraordinário da produtividade nas fábricas americanas. A geração dos gestores provenientes do baby boom, não se limitou a absorver as práticas japonesas e introduziu o desenvolvimento de práticas americanas na computação e nas comunicações digitais. Aumentaram drasticamente os fundos de pensões. Hoje diz-se que talvez tivéssemos passado pelos anos gloriosos da economia americana.
Actualmente economistas e demografos são consensuais, a geração do baby boom, agora a entrar na reforma, está novamente no topo das preocupações sociais – quem lhes irá pagar as desejadas reformas que eles tanto descontaram? Mas mais que isso: como vamos responder às expectativas que eles carregam em função desses descontos? Que modelos de Lares, Casas de Repouso, Cuidados Domiciliários temos? Os que foram criados em função de uma geração silenciosa, pobre e resignada com base em conceitos caritativos servirão para esta nova geração reivindicativa, exigente, consumista?
Olhando mais adiante, onde estão os sectores de crescimento das empresas que desejam vender produtos para os boomers?
Os baby boomers passaram toda a sua vida sendo saudáveis, procurando por todas as formas contrariar o envelhecimento. Estão habituados a consumir mesmo sem capacidade económica. Utilizam o crédito sem constrangimentos, consomem desesperadamente. Não vão tolerar sentar-se ao lado de doentes nem de dependentes, em quartos duplos e triplos, cuidados e atendidos por pessoas sem formação que tanto limpam o chão como a seguir servem à mesa e depois fazem cuidados de higiene. Não vão entender que os cuidados no domicilio são feitos exclusivamente em faixas temporais durante os dias e que não existem aos fins-de-semana e durante 24 horas por dia. Não vão conceber que a oferta de ocupação e lazer se limite às excursões e aos bailes.
Tudo irá mudar, revolucionariamente porque essa mudança vai ser imposta pela exigência dessa geração. Não estamos atempadamente a preparar-nos e vamos, como sempre, responder por reacção.
È simples percebermos que as letras dos jornais vão ter que ser maiores, bem como dos avisadores públicos espalhados pelas cidades, que os sinais luminosos vão ser temporizados em função de menor funcionalidade dos idosos, os jardins vão ter que ter bancos mas com coberturas para a chuva, o comércio vai evoluir para ter horários específicos para atender pessoas mais velhas, os assuntos da comunicação social vão adaptar-se aos gostos e interesses dos de maior idade. Mas também a industria automóvel vai ter que dar maior atenção à segurança e comodidade do que à velocidade, criando carros que praticamente se desloquem sozinhos, que façam sinais de mudanças de direcção automaticamente, que não necessitem de chave de ignição e que parem antes de baterem. A industria hoteleira vai entender que tem que ter apoios por todos os corredores, quartos e casas de banho, que as banheiras devem ser de maior facilidade de acesso, que são necessárias zonas para pessoas com necessidade de cuidados de saude, para permitir que os casais passem férias mesmo quando um dos conjugues é doente. A tecnologia vai dar preferência a equipamentos que cozinhem sozinhos, a fogões que não causem queimaduras, a chuveiros que controlem a temperatura da água automaticamente, a robôs que façam a limpeza e a sistemas de acompanhamento permanente, a GPS’s que indiquem a posição e deslocação de pessoas idosas com patologias do foro mental.
Parece ficção mas à medida que os baby boomers chegam aos 70 anos, a necessidade de dispositivos de cuidados com a saude, mais modernos, vai tornar-se uma realidade.
No Japão, onde a percentagem de idosos está em crescimento ainda maior do que nos Estados Unidos, já se pode comprar um assento elevatório para colocar na sanita que pesa, mede a temperatura e testa a urina e o sangue para verificar os níveis de açúcar e colesterol. Depois o assento irá enviar automaticamente os resultados para o consultório do médico.
Existem já dados que nos devem fazer pensar em novas e rápidas soluções. Em Estudos actualizados nos Estados Unidos refere-se que 40% dos boomers espera que seus pais passem a morar com eles, invertendo uma tendência de desagregação da família e dando indicações que os cuidados domiciliários e o acompanhamento nas casas das pessoas ganha importância relevante. Outros dados interessantes indicam que 76% pretendem continuar a trabalhar depois da reforma e que muitos elegem a actividade de voluntariado para se ocuparem.
Os baby boomers estão aí, idosos, daqui a dois anos.

Rui Fontes

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Sociedade e o Envelhecimento

APRESENTAÇÃO DO PAINEL DA RESPONSABILIDADE DA ASSOCIAÇÃO NO ENCONTRO DE ENFERMAGEM “OS MAIS ADULTOS-DA URGÊNCIA AOS CUIDADOS DOMICILIÁRIOS

3 E 4 DE ABRIL

AUDITÓRIO DA ESELisboa, Pólo Artur Ravara – Parque das Nações

II PAINEL, 14.30 HORAS, DIA 3 DE ABRIL

“OS DESAFIOS DO ENVELHECIMENTO”

Moderador: Rui Fontes, Enfermeiro, Director Técnico Lar de Idosos do SBSI/SAMS e Presidente da AAGI – ID

César Fonseca – Enfermeiro, Docente da ESEL e Vice-Presidente da AAGI – ID

“A SOCIEDADE E O ENVELHECIMENTO”

Maria Filomena Gaspar, Professora Doutora – Presidente do Conselho Directivo da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa

“RESPOSTAS DO ENSINO DE ENFERMAGEM”

Rui Calado, Mestre, representante da Direcção Geral da Saúde

“NOVAS NECESSIDADES – SAUDE ORAL”

Ana Escoval, Professora Doutora, Escola Nacional de Saúde Publica – UNL

“SUSTENTABILIDADE ECONÓMICA”


INTRODUÇÃO

Rui Fontes[1]

Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento, foi convidada pela FOEMASAU para participar como parceiro na organização do Encontro de Enfermagem “Os mais adultos – da urgência aos cuidados domiciliários”.

Este convite, que muito nos honra, vem ao encontro de um dos principais objectivos da Associação que passa pelo aprofundamento da discussão em torno do envelhecimento, mas mais especificamente, da situação actual das pessoas idosas, das respostas sociais, da legislação, do ensino, da formação e das novas necessidades da Grande Idade.[2]
Com um posicionamento que pretendemos ser diferente, a Associação pretende inverter a atitude de resignação habitual, escondida atrás de um muro de lamentações sobre o País, o Mundo, o passado, o futuro, os políticos, as pessoas, e tudo o que sirva para justificar a inoperância e, de uma forma energética contribuir com soluções que resolvam problemas. Não esperemos que o Estado faça tudo por nós mas façamos nós muito pelo Estado. Por isto aceitámos o convite da FORMASAU que assim nos permite dar a conhecer a um número significativo de profissionais de saude dos quais muito se espera na área da Grande Idade.

A nossa participação passa pela organização no dia de amanhã de um workshop sobre Gestão de Lares de Idosos e Casas de Repouso e pela organização deste Painel com o sugestivo e interessante tema “Os desafios do Envelhecimento” que serão um dos principais desafios da sociedade nos próximos anos.

No painel do qual somos responsáveis quisemos apresentar algo que despertasse novos interesses e motivações. Encontrando-nos num grupo de profissionais muito especifico, constituído essencialmente por jovens enfermeiros, é muito importante conseguirmos passar a mensagem de que a área da Grande Idade é uma extraordinária oportunidade profissional até porque hoje as necessidades técnicas são tão grandes como em qualquer área hospitalar ou de emergência. Os enfermeiros deverão compreender que é tão digno desenvolver a sua actividade profissional num Lar de Idosos, numa Casa de Repouso, num Centro de Dia ou numa Unidade de Cuidados Domiciliários como numa unidade de cuidados intensivos ou numa urgência hospitalar. E tanto os enfermeiros precisam desta área como este sector precisa dos enfermeiros, das suas elevadas capacidades académicas e técnicas, do seu imenso empenho e da sua quase genética motivação para cuidar dos outros.

Vamos ter assim uma apresentação genérica sobre o envelhecimento feita pelo Exmo. Vice-presidente da Associação, senhor enfermeiro César Fonseca, que pretende desafiar os ilustres convidados que aceitaram participar no nosso Painel.

Aqui obviamente devemos fazer uma abordagem que se não fossem os constrangimentos de tempo, ocuparia grande parte deste Encontro, dada a qualidade e o curriculum dos nossos oradores.

Agradecemos profundamente à senhora professora doutora Ana Escoval, à senhora professora doutora Maria Filomena Gaspar e ao Exmo. senhor Mestre Rui Calado que nos dão a imensa honra de podermos partilhar este tempo com eles. Aceitarem este convite da Associação transmite a todos nós uma motivação adicional para continuarmos no nosso trabalho e faz-nos crer que estamos no caminho certo. A todos o nosso muito obrigado.

O Painel levantará algumas questões e procurará também algumas respostas. Não pretendendo sair daqui com soluções milagrosas, pretendemos que elas possam vir a surgir com base em algumas preocupações que iremos levantar.

Depois do Exmo. Senhor enfermeiro César Fonseca, teremos uma abordagem, feita pela Exma. Senhora professora doutora Maria Filomena Gaspar, Presidente do Conselho Directivo da ESEL, responsável pela informação de uma boa parte dos enfermeiros portugueses, sobre as respostas do ensino de enfermagem já que em breve mais de metade dos clientes dos profissionais de saude terão mais de 65 anos.

Seguir-se-á o Exmo. Senhor Mestre Rui Calado, em representação da Direcção Geral de Saúde, que nos apresentará a resposta a uma nova necessidade dos nossos cidadãos mais velhos. Há vinte anos atrás a saude oral era preocupação de uma parte muito reduzida da população portuguesa, sendo hoje um dos programas de maior sucesso lançado em Portugal para esta área.

Para fechar o Painel iremos ter o prazer de ouvir a Exma. Senhora professora doutora Ana Escoval da Escola Nacional de Saúde Publica que nos brindará com uma intervenção sobre sustentabilidade económica das ofertas e respostas que existem ou que podem vir a existir, até porque poderemos inventar muita coisa mas temos que ter a noção que é preciso pagar e não se pode consumir o que não se tem.

Agradeço mais uma vez esta oportunidade e honra e peço ao senhor enfermeiro César Fonseca para iniciar a sua apresentação.

Muito obrigado
[1] Enfermeiro, Director Técnico do Lar de Idosos do SBSI/SAMS, Curso Liderança para a Mudança OE/ICN, Curso Gestão Serviços Saúde Universidade Católica. Presidente da Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento
[2] http://www.associacaoamigosdagrandeidade.com/




César Fonseca
Boa tarde,
Gostaria de começar por agradecer o convite que a Formasau endereçou à Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento, no sentido de poder organizar este Painel: Desafios do Envelhecimento.
Agradecer de forma Especial aos Participantes Convidados: Prof. Doutora Ana Escoval da Escola Nacional de Saúde Publica, Prof. Doutora Filomena Gaspar da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa e ao Mestre Rui Calado, representante da Direcção Geral de Saúde, por terem aceite o convite que endereçamos, no sentido de podermos em conjunto discutir esta problemática dos Desafios do Envelhecimento. Os nossos agradecimentos.
Como é do domínio público a AAGI – ID, tem como objectivo discutir o modelo de prestação de cuidados e oferta de serviços às Pessoas da Grande Idade. Assim entendemos que são necessárias novas dinâmica e ofertas inovadoras que permitiram mais qualidade aos mais adultos, como forma de manterem durante mais anos a capacidade funcional na realização das actividades de vida e de manutenção.
É nossa pretensão analisar o actual modelo de cuidados aos mais adultos e procurar respostas que possam ser sustentáveis no futuro e que passam no nosso entender por alterações profundas dos actuais modelos. É nesse sentido que agradecemos o convite para participar na vossa iniciativa e muito nos honra a participação neste painel de tão ilustres convidados.
Tendo por base de que o Envelhecimento Demográfico pode definir-se pelo “aumento da proporção das pessoas idosas na população total” (INE, 2000), fomos perceber como outras entidades da nossa aldeia global, têm pensado esta problemática. Deste modo, para Kofi Anam (2002) “a expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo, activo e plenamente integrado. Se não se fizerem reformas radicais, teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura”.
Com esta afirmação ficamos ainda mais preocupados com o papel da Sociedade no Envelhecimento. Podemos perceber por estas palavras que a sociedade influencia e será influenciada pelo envelhecimento demográfico dos seus membros.
Depois de termos reflectido sobre esta preocupação, fomos perceber qual a evidencia mais recente em dados demográfico sobre o nosso país e deparamo-nos como dados do Eurostat Yearbook (2008), e observamos que na Europa a 27 (EU27):
Em 2008 as pessoas com mais de 65 anos representam mais de 17,1%.
Em 2060 as pessoas com mais de 65 anos representaram cerca de 30%.
As pessoas com mais de 80 anos, aumentaram, de 4,4% actualmente para 12,1% em 2060.
No que se refere à dependência do envelhecimento em relação à população activa na EU27 e segundo a mesma fonte (Yearbook, 2008) prevê-se que as pessoas com mais de 65 anos quando divididas pelas pessoas em idade propícia para o trabalho, aumente de 25,9% em 2008, para 54,8% em 2060.
No que se refere ao nosso País percebemos que, como se pode observar no Quadro 1, um aumento da população com mais de 65 anos e mais de 80 anos em relação à população activa.

PORTUGAL -----------2008 ---------------2060

População Total-----10.617.000----------11.265.000
Com + de 65 anos-----1.847.358-----------3.480.885
Com + de 80 anos-- ----445.914-----------1.441.920

Rácio entre a população--
Activa(22 a 64 anos) e
População idosa
(+65 anos)---------------25,9%---------------54,8%


---------(Em cada 4 Pessoas,---------(Em cada 4 Pessoas
------3estão em idade activa------ duas estão em idade activa
---------e uma é Idosa)-------------- e duas são idosas)


Quadro 1- Aumento da Pessoas com mais de 65 anos e 80 anos em relação às Pessoas em Idade activa 2008 – 2060.
Com estes dados fomos perceber de que forma a Aldeia Global, se esta a organizar e deparamo-nos com o facto de na II Assembleia Mundial das Nações Unidas, realizada em Madrid [2002], se terem traçado dois objectivos que deverão orientar as políticas inovadoras para responder a este fenómeno do envelhecimento:
O envelhecimento tem que ser activo;
A sociedade é feita por todas pessoas, em todas as idades.
Fomos perceber a realidade no nosso Pai e percebemos que o Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas (DGS, [2004]), assenta em três pilares fundamentais:
Promoção de um envelhecimento activo, ao longo da vida;
Maior adequação dos cuidados de saúde às necessidades específicas das pessoas idosas;
Promoção e desenvolvimento intersectorial de ambientes capacitadores da autonomia e independência das pessoas idosas.
Em 2007 a Organização Mundial de Saúde lança o Guia Global das Cidades Amigas do Idoso, por ocasião do Dia Internacional do Idoso, em 1 de Outubro de 2007. Com base nos pressupostos de que em 2007, mais da metade da população mundial passou a morar em cidades e, em 2030, cerca de três em cada cinco pessoas viverão em áreas urbanas. Por outro lado, em ambientes urbanos favoráveis e estimulantes, os idosos constituem um recurso para suas famílias, comunidades e economias. Para ajudar as cidades, à medida que crescem em tamanho e em número, a aproveitarem mais de suas populações idosas.
Na origem deste Projecto da OMS, está um estudo que envolveu 33 cidades de 22 países, e em que foi estuda a opinião de cerca de 1500 idosos acerca dos aspectos positivos e os obstáculos que eles encontram na cidade em que vivem. Os problemas, as preocupações e as sugestões que foram expressas pelos idosos foram complementadas pelas informações de cerca de 750 cuidadores de idosos e/ou prestadores de serviços.
Assim os participantes definem o que é ser “Amigo das Pessoas Idosas”, em oito pontos (Diagrama 1):
Prédios públicos e espaços abertos.
Transporte.
Moradia.
Participação social.
Respeito e inclusão social.
Participação cívica e emprego.
Comunicação e informação.
Apoio comunitário e serviços de saúde.

Diagrama 1 – Ambiente - Amigo das Pessoas Idosas
Uma cidade amiga do idoso estimula o “envelhecimento activo ao optimizar oportunidades para saúde, participação e segurança, a fim de aumentar a qualidade de vida das pessoas à medida que envelhecem.” Dr Alexandre Kalache, Diretor Programa Envelhecimento e Curso de Vida da OMS
Pretende-se com este projecto a Manutenção da Capacidade Funcional ao longo do Curso da Vida, tal como podemos ver referenciado no Gráfico 1.

Gráfico 1 - Manutenção da Capacidade Funcional ao longo do Curso da Vida
É assim com base neste pressupostos que têm motivado a nossa visão de desenvolvimento orientada, da capacidade funcional e do auto-cuidado ao longo do curso da vida, pela necessidade que a sociedade tem em envolver de forma activa as Pessoas com mais de 65 anos como mais valia clara para todos.
Deixo agora a palavra aos nossos ilustres convidados, para nos falarem dos desafios que esta Problemática nos coloca ao nível das Respostas do Ensino de Enfermagem, Novas Necessidades - Saúde Oral e da Sustentabilidade Económica de toda a sociedade.

terça-feira, 17 de março de 2009

Violência sobre Idosos

Nas últimas semanas a Associação Amigos da Grande Idade, à qual tenho a honra de presidir, recebeu algumas solicitações para emitir a sua opinião em relação à violência exercida sobre idosos.
A Associação tem sido muito cautelosa a emitir opinião sobre este assunto, entendendo que a informação disponível é rara e a credibilidade da mesma é discutível.
O tema da violência é, como sabemos, bastante mediático e por vezes parece ter alguns aproveitamentos que nada interessam a uma discussão séria sobre a Grande Idade.
A Associação faz actualmente uma abordagem um pouco diferente das correntes opinativas tão interessantes para as notícias bombásticas. Julgamos que a violência sobre pessoas idosas não é significativa nos Lares e Casas de Repouso e, ainda que qualquer acontecimento único já seja extraordinariamente grave, o número de incidentes não nos parece ser elevado.
Estudos revelam que a maior parte da violência sobre idosos é cometida por familiares próximos e fora das respostas sociais e privadas.
E ainda que esses estudos apresentem amostras muito reduzidas são os únicos que existem.
O que nos parece é que a maior violência sobre idosos é exercicida pela organização da sociedade do ponto de vista social, económico e político.
É a inexistência de legislação adequada para lares, casas de repouso e apoio domiciliário, a inexistência de qualquer legislação sobre representação jurídica e social dos idosos deixando-os à sua sorte quando perdem capacidade de decisão, o sistema de comparticipação social do estado, completamente ultrapassado e até perverso na medida em que estabelece comparticipações mais elevadas para os idosos que são institucionalizados em respostas sociais e privadas do que para idosos que se mantém no seu domicílio e no fundo a inexistência de uma declaração clara que estabeleça os direitos das pessoas idosas que se torna uma evidente e dramática violência sobre as pessoas idosas.
O actual modelo dos lares de idosos que obriga a fazer viver no mesmo espaço pessoas idosas activas e saudáveis com pessoas idosas totalmente dependentes e sem capacidades físicas e mentais, a descriminação de apoio económico a pessoas idosas que se encontram dependentes em lares em relação a pessoas idosas nas mesmas condições que se encontrem internadas em unidades de cuidados continuados na tipologia de longa duração, que exercem violência sobre os nossos cidadãos da Grande Idade.
Ainda que seja mais interessante e dê menos trabalho falar no pinheiro, temos a obrigação de nos preocuparmos com a floresta.
Torna-se hoje fácil divulgar uma qualquer atitude menos apropriada de um familiar ou técnico sobre uma pessoa idosa. E isso será sempre de penalizar e de imputar com consequências sérias.
Contudo é muito mais difícil mudarmos legislação, comparticipações, modelos de prestação de cuidados e oferta de serviços e lutarmos por uma verdadeira reestruturação das respostas que temos para os cidadãos da Grande Idade.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Curso Gestão Organizacional de Lares e Casas de Repouso


Modelo Centrado no Enfermeiro

Justificação

Ao nível deste sector em Portugal, observa-se uma desregulação clara onde o papel dos enfermeiros é desvalorizado, quer pela influência da legislação, quer pela forma pouco sustentada como estes profissionais intervêm directamente na Gestão de Lares e Casas de Repouso.
Assim, o curso visa o alargamento da formação dos enfermeiros com vista ao desenvolvimento de competências para fazer face ás necessidades que se observam actualmente, ao nível da Gestão Organizacional e de Cuidados de Saúde.

Objectivos gerais

O Curso Gestão Organizacional de Lares e Casas de Repouso, tem como objectivo capacitar os formandos a desenvolverem:
Estratégias de intervenção que visem a excelência ao nível da Gestão de Lares e Casas de Repouso.

Objectivos específicos

Estabelecer prioridades e estratégias para os cuidados de saúde, às pessoas idosas seguidas nos Lares e Casas de Repouso.
Fornecer instrumentos conceptuais e operatórios que promovam o desenvolvimento da gestão do conhecimento nesta área problemática.
Proporcionar competências para a investigação, no apoio a soluções inovadoras.

Competências esperadas no final da formação

Pretende-se que o Formando adquira competências para:
Promover uma cultura de excelência no seu exercício profissional;
Promover a aquisição de conhecimentos multidisciplinares que proporcionem competências na identificação dos problemas e na formulação de soluções inovadoras e criativas.

Destinatários

Enfermeiros, de preferência que trabalhem ou venham a desenvolver a sua actividade profissional em Lares Casas de Repouso.

Formadores:

Rui Manuel Dos Santos Fontes
– Enfermeiro.
Director Técnico do Lar de Idosos do SBSI/SAMS;
Curso de Executivos em Gestão de Saúde da Universidade Católica Portuguesa;
Curso Liderança para a Mudança da OE/ICN;
Curso de Formador, credenciado pelo IEFP.

César João Vicente da Fonseca
– Enfermeiro no CHLN – HPV;
Mestre em Comunicação em Saúde;
Assistente em regime de tempo Parcial na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa;
Curso de Formador credenciado pelo IEFP.

Cronograma

1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS SOBRE LARES E CASAS DE REPOUSO
Legislação
Regulamento
Direcção Técnica

2. CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL
Modelos de culturas e climas organizacionais
Constituição de equipas
Contratação

3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Avaliação necessidades de população-alvo
Organização por método responsável
Escala de avaliação de dependência e carga de trabalho

4. COMUNICAÇÃO
Modelos de comunicação
Gestão de conflitos
Implementação de circuitos de comunicação

5. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Modelos de avaliação de desempenho
Definição de objectivos
Instrumentos de medição do desempenho

6. FORNECIMENTO DE SERVIÇOS EXTERNOS
Gestão de serviços
Limpeza
Alimentação
Lavandaria
Manutenção
Outros serviços
Contratualização

7. OCUPAÇÃO E LAZER
Modelos de ocupação e lazer
Diversidade
Autonomização
Características da população-alvo

8. EMPREENDORISMO/NOVAS DINÂMICAS
Rentabilização de recursos humanos
Apoio domiciliário
Centro de dia
Centro de Noite
Unidade de cuidados continuados
Centro de convívio
Centro de actividades ocupacionais
Abertura de serviços meio exterior

9. VISITA A LAR DE IDOSOS
Visita a Instituição com debate sobre realidade prática

10. CONFERÊNCIA FINAL
Conferência por personalidade relevante