quinta-feira, 9 de abril de 2009

REVOLUÇÃO EMINENTE


REVOLUÇÃO EMINENTE
Nota: Este texto é baseado em várias pesquisas, destacando-se http://www.sun.com/

Faltam dois anos para os primeiros cidadãos da geração baby boomer chegarem à idade da reforma. Esperamos que mantenha a influência na área da Grande Idade que tiveram ao longo das últimas 6 décadas, transformando agora os serviços e os cuidados aos idosos como foram transformando o Mundo.
A geração baby boomer é referida como a geração do pós-guerra, a geração que nasceu e se desenvolveu em frente à televisão. São atribuídas a esta geração as grandes transformações do Mundo. E como não podia deixar de ser a sua influência foi essencialmente sentida nos E.U.A. mas muita dela ultrapassou essas fronteiras e estendeu-se à maioria dos países desenvolvidos.
Introduziram a Segurança Social e a ideia de que se devia descontar/poupar para viver quando deixassem de trabalhar. A esta geração estão ligados todos os principais acontecimentos mundiais: a ida do homem à lua, o capitalismo e o consumismo, o Rock and Roll, o movimento Hippie, a contestação política e social, os movimentos pela paz e a guerra do Vietname, a guerra fria, a comida rápida, a ideologia libertária, o feminismo e a revolução sexual, os direitos civis e os movimentos pela autodeterminação de muitos estados actuais. A estes acontecimentos juntam-se nomes e casos como JFK, Martin Luther King, Watergate, Spielberg, Versace, Bob Dylan, Petróleo, Inflação, cartões de crédito e crédito ao consumo.
Esta geração está agora no poder e a exercê-lo em pleno. É provável que estejamos a ser dirigidos e governados por ex-maoistas, leninistas, trotskistas e outras esquerdas…
O Mundo está prestes a ser atingido por uma transição geracional nunca antes vista na história. A geração baby boomer irá começar a apresentar a reforma durante os próximos cinco anos.
Hoje, esta geração representa a maior parte dos executivos de topo, líderes e políticos. É a camada superior da administração pública e das empresas.
A Sociedade Americana para a Formação e Desenvolvimento afirma que nos próximos vinte anos teremos 76 milhões de pessoas a reformar-se e apenas 46 milhões a entrar no mercado de trabalho. Mas se isso vai causar problemas graves de sustentabilidade irá também influenciar significativamente a oferta de serviços e prestação de cuidados a essa população mais velha.
O impacto do envelhecimento da geração boomer sobre o sistema de saude e social tem sido referido como um tremor de terra. As exigências sobre o sistema são enormes e crescentes. Os boomers tem um conjunto diferente de expectativas em relação à saúde e aos serviços sociais que gerações passadas.
Hoje estamos a trabalhar nos Lares, Casas de Repouso, Centros de Dia, serviços Domiciliários, Residências Assistidas e Turismo Sénior para uma geração que, curiosamente, foi chamada de Geração Silenciosa.
É interessante verificar que insistimos durante os ultimos anos em modelos de actividade física, lazer, cuidados e serviços completamente desadequados para a geração para quem estivemos a trabalhar. Queremos que pessoas que nunca praticaram actividade física, que nunca mostraram as pernas ou os ombros comecem a correr nos circuitos de manutenção de calções ou vão para a natação com fatos de banho. Pretendemos que pessoas que se falassem eram imediatamente marcadas e se contestassem eram presas, participem em reuniões e assembleias para darem opinião sobre as actividades que desenvolvemos. Depois ficamos muito admirados de ninguém falar, de ninguém querer praticar desporto e atribuímos isso a incompetência dos técnicos e dos trabalhadores. Está profundamente errado quem trabalha nesta área, não sabendo o ano em que nasceram as pessoas a quem prestam cuidados, os anos em que viveram a sua adolescência e desenvolveram a sua actividade profissional. É fundamental conhecer a história e isso não acontece na maior parte dos serviços e cuidados que estão disponíveis para a Grande Idade.
Contudo também não nos estamos a preparar para o que ai vem.
Na década de 1990, o crescimento da economia teve como consequência a baixa do desemprego. Os baby boomers que já tinham deixado a sua marca desde 1950, entravam na idade dos 40, 50 anos. Nos Estados Unidos era eleito Bill Clinton. De imediato houve um aumento extraordinário da produtividade nas fábricas americanas. A geração dos gestores provenientes do baby boom, não se limitou a absorver as práticas japonesas e introduziu o desenvolvimento de práticas americanas na computação e nas comunicações digitais. Aumentaram drasticamente os fundos de pensões. Hoje diz-se que talvez tivéssemos passado pelos anos gloriosos da economia americana.
Actualmente economistas e demografos são consensuais, a geração do baby boom, agora a entrar na reforma, está novamente no topo das preocupações sociais – quem lhes irá pagar as desejadas reformas que eles tanto descontaram? Mas mais que isso: como vamos responder às expectativas que eles carregam em função desses descontos? Que modelos de Lares, Casas de Repouso, Cuidados Domiciliários temos? Os que foram criados em função de uma geração silenciosa, pobre e resignada com base em conceitos caritativos servirão para esta nova geração reivindicativa, exigente, consumista?
Olhando mais adiante, onde estão os sectores de crescimento das empresas que desejam vender produtos para os boomers?
Os baby boomers passaram toda a sua vida sendo saudáveis, procurando por todas as formas contrariar o envelhecimento. Estão habituados a consumir mesmo sem capacidade económica. Utilizam o crédito sem constrangimentos, consomem desesperadamente. Não vão tolerar sentar-se ao lado de doentes nem de dependentes, em quartos duplos e triplos, cuidados e atendidos por pessoas sem formação que tanto limpam o chão como a seguir servem à mesa e depois fazem cuidados de higiene. Não vão entender que os cuidados no domicilio são feitos exclusivamente em faixas temporais durante os dias e que não existem aos fins-de-semana e durante 24 horas por dia. Não vão conceber que a oferta de ocupação e lazer se limite às excursões e aos bailes.
Tudo irá mudar, revolucionariamente porque essa mudança vai ser imposta pela exigência dessa geração. Não estamos atempadamente a preparar-nos e vamos, como sempre, responder por reacção.
È simples percebermos que as letras dos jornais vão ter que ser maiores, bem como dos avisadores públicos espalhados pelas cidades, que os sinais luminosos vão ser temporizados em função de menor funcionalidade dos idosos, os jardins vão ter que ter bancos mas com coberturas para a chuva, o comércio vai evoluir para ter horários específicos para atender pessoas mais velhas, os assuntos da comunicação social vão adaptar-se aos gostos e interesses dos de maior idade. Mas também a industria automóvel vai ter que dar maior atenção à segurança e comodidade do que à velocidade, criando carros que praticamente se desloquem sozinhos, que façam sinais de mudanças de direcção automaticamente, que não necessitem de chave de ignição e que parem antes de baterem. A industria hoteleira vai entender que tem que ter apoios por todos os corredores, quartos e casas de banho, que as banheiras devem ser de maior facilidade de acesso, que são necessárias zonas para pessoas com necessidade de cuidados de saude, para permitir que os casais passem férias mesmo quando um dos conjugues é doente. A tecnologia vai dar preferência a equipamentos que cozinhem sozinhos, a fogões que não causem queimaduras, a chuveiros que controlem a temperatura da água automaticamente, a robôs que façam a limpeza e a sistemas de acompanhamento permanente, a GPS’s que indiquem a posição e deslocação de pessoas idosas com patologias do foro mental.
Parece ficção mas à medida que os baby boomers chegam aos 70 anos, a necessidade de dispositivos de cuidados com a saude, mais modernos, vai tornar-se uma realidade.
No Japão, onde a percentagem de idosos está em crescimento ainda maior do que nos Estados Unidos, já se pode comprar um assento elevatório para colocar na sanita que pesa, mede a temperatura e testa a urina e o sangue para verificar os níveis de açúcar e colesterol. Depois o assento irá enviar automaticamente os resultados para o consultório do médico.
Existem já dados que nos devem fazer pensar em novas e rápidas soluções. Em Estudos actualizados nos Estados Unidos refere-se que 40% dos boomers espera que seus pais passem a morar com eles, invertendo uma tendência de desagregação da família e dando indicações que os cuidados domiciliários e o acompanhamento nas casas das pessoas ganha importância relevante. Outros dados interessantes indicam que 76% pretendem continuar a trabalhar depois da reforma e que muitos elegem a actividade de voluntariado para se ocuparem.
Os baby boomers estão aí, idosos, daqui a dois anos.

Rui Fontes

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